sexta-feira, 11 de maio de 2012

IMPACTO AMBIENTAL CAUSADO PELA INDÚSTRIA
TÊXTIL


Simone Santos

UFSC - Engenharia de Produção e Sistemas - PPGEP - Centro Tecnológico - Trindade - Florianópolis Santa
Catarina - CEP 88040-900
Abstract

This article intends to tackle the impact caused on the environment due to
production methods used in Textile Industries, by realizing a brief analysis in each step
of the productive process and the materials used in order to do so.
This essay was developed based on the study realized in “Hering Têxtil S.A.” It
made clear that the main problem is water pollution, which occurs during the dyeing
process of all fabrics.
The growth of the main raw material, which is cotton, is also responsible for the
environmental impact, that’s why it is also important to study that process ouce the
industry works with cotton from all over the world.
I have come to the conclusion that there are measures that can and should be
taken to decrease the impact, which is a direct result of the textile production. In order
to do this, we need to make the government, the general population, the consumers and
mainly the industries aware of these issues.
Keywords
Production Process - Environmental - Impact
1. INTRODUÇÃO
No final deste século o termo proteção ambiental vem sendo muito comentado, se
por modismo ou real conscientização é uma questão que pode ser analisada.
Pretende-se abordar neste artigo o fato de que muitas empresas, principalmente do
setor industrial, estão tomando as providências necessárias para que sejam consideradas
ecologicamente corretas.
Para isto as empresas estão procurando adequar seus processos de produção de
forma que seja possível remanejar seus recursos gerando resíduos em quantidades menores
e menos tóxicos, utilizando menos energia, água e produtos químicos nocivos ao meio
ambiente e por conseqüência à saúde humana.
A partir do momento em que a indústria passa a considerar os benefícios que pode
obter com a preservação ambiental, inovando técnicas, diversificando produtos e
remanejando seus custos de produção com o reaproveitamento e reciclagem de seus
resíduos, torna-se mais fácil proporcionar um crescimento ecologicamente correto.
E este é o caso da indústria têxtil catarinense, que preocupa-se em mostrar sua
produção ecologicamente correta para seus consumidores através da obtenção de selos
verdes em seus produtos. Já num estágio mais avançado, algumas empresas passam a ter o
cuidado de implantar sistemas de gestão ambiental e com isto conseguir a certificação ISO
14000, que reflete os esforços da International Standardization Organization - ISO, que
criou o SAGE - Strategic Advisory Group on Environment -, com o objetivo de propor as
ações para um enfoque sistêmico de normalização ambiental e certificação. Esses trabalhos
resultaram na criação do Comitê Técnico 207 - Gestão Ambiental, onde este sistema
apresenta o conceito de qualidade ambiental exigido para competir, principalmente, no
mercado externo. Apesar de que os consumidores internos também começam a ter
consciência de que qualidade passa a ser uma questão fundamental na hora de escolher um
produto, considerando-se não mais somente o preço de venda do mesmo.
Deste modo, pretende-se fazer um breve levantamento do impacto causado ao meio
ambiente pelo setor têxtil de acordo com os insumos utilizados em seu processo de
produção. Comentando-se aspectos referentes à poluição da água, do ar e solo, o calor e
energia. A principal matéria-prima que é o algodão; o uso de corantes e as etapas de
produção da malha. Mostrando também algumas formas de amenizar e até mesmo excluir
os efeitos nocivos provocados ao meio ambiente pelo processo de produção.
Deve-se ressaltar que os dados aqui comentados foram obtidos através de estudo de
caso realizado na Hering Têxtil S. A., a qual além de ser líder nacional no setor, ocupa o
lugar de segunda maior empresa na indústria têxtil mundial. Por isso foi escolhida para que
suas ações sirvam de exemplo do que pode e deve ser feito para produzir sem agredir o
meio ambiente.
2. PRINCIPAIS INSUMOS DA PRODUÇÃO
O processo de produção na indústria têxtil é composto de várias etapas as quais
podem ser causadoras de degradação ambiental caso não sejam tomados os cuidados
necessários.
Ao produzir de maneira ecologicamente correta, os custos ambientais podem ser
minimizados, ou até mesmo eliminados. Isto pode ser feito através da utilização de
inovações simples no processo de produção que, além de permitir a utilização mais eficiente
de uma série de insumos, acabam por trazer novas possibilidades de mercados com os
subprodutos obtidos através da reutilização dos resíduos do processo produtivo.
Assim, partindo-se para um balanço dos elementos naturais e a integração da
indústria têxtil com o meio ambiente, começando pelos insumos utilizados, passando pela
principal matéria-prima que é o algodão e partindo-se então para as etapas da produção e
conseqüentes impactos ambientais, é possível perceber que a maior produtividade dos
recursos torna as empresas mais competitivas.
· ÁGUA
O crescimento demográfico descontrolado e um desenvolvimento industrial
desenfreado, resulta em sérios prejuízos ecológicos, higiênicos e até mesmo estéticos.
Apesar da crescente conscientização de que se deve deter a destruição do meio ambiente,
muito ainda se tem e se pode fazer para minimizar ou eliminar este tipo de degradação
ambiental.
Em se falando do setor têxtil, sabe-se que a água é um dos elementos básicos para o
processo de produção desta indústria, principalmente nas etapas de beneficiamento da
malha de algodão, onde ocorre o tingimento da malha o qual provoca modificações na
qualidade da água utilizada, devido às substâncias químicas que fazem parte do processo.
Uma forma de se evitar que esta água volte poluída para a fonte de onde foi captada
é a utilização de equipamentos chamados de estação para o tratamento da água.
Por outro lado, a água também precisa ser de boa qualidade apresentando uma
limpidez sem igual na hora de fazer o tingimento da malha com a cor branca, caso contrário
a mesma é considerada de qualidade inferior devido o surgimento de manchas na sua
coloração. Para conseguir uma água límpida muitas vezes a empresa precisa fazer um
trabalho de tratamento da água captada, já que na maioria dos casos a mesma é poluída na
sua própria nascente devido o descaso de outras empresas inseridas na região que eliminam
seus dejetos sem o tratamento adequado, podendo ainda ocorrer falta de consciência das
pessoas da comunidade e entidades públicas que também contribuem para a poluição
através do lixo e esgoto.
Um exemplo mostrado pela empresa Hering é a sua fábrica do bairro de Itororó em
Blumenau - SC. A água que é devolvida para o ribeirão da Velha tem sua qualidade em
termos de impurezas melhor do que quando é captada, ou seja, é mais poluída quando entra
do que quando sai da fábrica, devido ao tratamento feito em sua estação.
Este processo de tratamento da água além de melhorar sua qualidade acima dos
níveis “naturais” e também superar os exigidos pela legislação, poderá servir no futuro de
importante insumo para o setor de cerâmica, pois neste processo forma-se resíduos da tinta
utilizada, o qual depois de seco pode fazer parte de lajotas e pisos. Por enquanto estes
produtos são considerados de qualidade inferior, mas podem ser comercializados para
construção de casas populares e vendidos para a população mais carente. Ou seja, além de
proteger o meio ambiente é possível utilizar os resíduos da produção como subprodutos,
que podem vir a fazer parte do Eco-Business. Os negócios ecológicos designam uma gama
de produtos considerados ecologicamente corretos, cuja demanda cresce com a difusão da
consciência ecológica.
As indústrias de equipamento de depuração, as empresas de serviço de despoluição
da água, as de reciclagem de lixo, as de papel reciclado e outros produtos que são vendidos
no mercado como sendo ecológicos, fazem parte desta classificação de eco-business.
· AR
Em se tratando do ar, tem-se que a sua qualidade é um dos pontos fundamentais no
que se refere a proteção ambiental. Problemas respiratórios tornam-se mais graves devido à
impureza das fumaças emitidas pelas chaminés das fábricas e descargas dos automóveis.
Os efeitos poluentes atmosféricos do processo industrial têxtil não se faz muito
alarmante. Porém, é preciso ter cuidados quanto aos aerodispersóides que são partículas de
algodão e também outros materiais particulados que possam afetar principalmente a saúde
dos trabalhadores do setor.
Outro fator que gera preocupação é a queima do óleo combustível e lenha, nas casas
de caldeiras. A geração do vapor é empregado em algumas etapas do processo de
produção. Os gases da combustão são emitidos com fuligem; dióxidos de enxofre, causador
da chuva ácida, e presença de CO2 causador do efeito estufa.
Sendo esses impactos causados à natureza por determinados processos da produção,
tem-se que tomar as devidas medidas para controlar e evitar a degradação ambiental e isto
pode ser feito através da utilização de filtros e equipamentos especiais.
· SOLO
Os resíduos sólidos bem como infiltração de águas contaminadas são constantes
ameaças para a qualidade do solo no que se refere ao setor têxtil. Portanto, é preciso tomar
as medidas de controle necessárias para evitar-se este tipo de degradação ambiental, como o
tratamento da água e utilização de filtros para os particulados.
A empresa também pode ter cuidados quanto a buscar maior integração com a
topografia e geologia dos terrenos nos locais onde estão inseridas suas unidades fabris. A
empresa Hering serve aqui de exemplo, por tomar essas medidas de maneira eficiente.
· CALOR e ENERGIA
Na etapa de fiação do algodão encontra-se uma unidade de calor intenso, para que o
mesmo seja amenizado e proporcione maior conforto às pessoas envolvidas no processo,
pode-se utilizar lay-out que permita melhor ventilação. Podendo eliminar o uso de sistemas
de condicionamento artificial do ar, o qual consome muita energia Já na parte de
beneficiamento da malha pode-se fazer uso de exaustores que eliminam os gases nocivos. O
calor também participa do processo industrial, através da geração de vapor nas casas de
caldeiras.
· ALGODÃO
Como principal matéria prima do setor industrial têxtil, apresenta-se o algodão, o
qual, no uso mundial de fibras naturais, ocupa aproximadamente 90% do total consumido,
seguido pela lã lavada. No Brasil a participação das fibras naturais na produção têxtil
chega a alcançar 71%, enquanto as sintéticas representam cerca de 24% e as artificiais
atingem somente 5% do consumo. No conjunto das fibras naturais o algodão representa
85% do total manufaturado pela indústria têxtil brasileira.
Para poder atender ao máximo às exigências ambientais é preciso que haja um
grande cuidado com a origem desta matéria-prima que é parte principal do processo de
produção. Tem-se que levar em consideração a forma como o algodão é plantado, adubado,
cultivado, colhido e manufaturado. Sendo assim, parte-se para a verificação dos impactos
causados à natureza nestas etapas.
¨ Plantio: Sabe-se que a maior parte dos produtores ainda empregam formas tradicionais
de plantio que incluem amplo uso de agrotóxicos como pesticidas, fungicidas e
inseticidas e processos de adubação química artificial e sintética. Para minimizar esta
prática, indústrias e entidades empresariais de diversos países criaram etiquetas
específicas que certificam a origem mais natural e orgânica do algodão, como o green
cotton e a eco-label.
Essas preocupações tornam-se essenciais à saúde humana e qualidade do meio
ambiente, não só de quem está diretamente ligado ao processo de produção, mas também
para os consumidores finais evitando que corram riscos com o uso de roupas
confeccionadas com fibras que podem causar doenças como o câncer.
¨ Colheita: Para colheita do algodão pode-se utilizar dois processos, manualmente ou por
meio de máquinas. No primeiro não ocorre nenhum tratamento artificial no processo de
colheita sendo que não existe qualquer tipo de dano ao meio ambiente. No segundo caso
utiliza-se desfolhantes químicos os quais agridem consideravelmente o meio ambiente e
consequentemente as pessoas, tanto as que estão envolvidas no processo como os
consumidores finais e também a população em geral que acabam por sofrer as
conseqüências deste tipo de degradação.
¨ Aproveitamento: Após ser colhido e antes de ser enviado para a indústria têxtil o
algodão é descaroçado. Com este processo obtém-se dois insumos básicos que são a
fibra separada e classificada por tipos para sua posterior venda às fiações, e o caroço que
será esmagado e gerará outros subprodutos, como óleo comestível refinado e o farelo.
Este último é geralmente transformado em adubo orgânico e ração para animais, sendo
que do refino do óleo pode-se obter ainda uma borra que serve para a fabricação de
sabão.
3. PROCESSO DE PRODUÇÃO TÊXTIL
Assim, parte-se para a manufatura do algodão na indústria têxtil, onde ocorre o processo
de fiação, malharia, beneficiamento, talharia, estamparia, confecção e embalagem.
¨ Fiação: Depois de obter as fibras do algodão cru, parte-se para a fiação onde fardos de
algodão em pluma já descaroçados são preparados para alcançarem os filatórios,
responsáveis pela fabricação dos fios.
Os principais impactos ambientais causados nessa etapa da produção são os níveis
de ruído e calor gerados pelas máquinas, além do pó composto por partículas de algodão
resultantes dos processos de fiação.
A Hering coleta e recicla os resíduos extraídos do algodão cru antes de passar pelo
processo de fiação convencional, também são reunidas todas as aparas de malha geradas na
etapa de talharia, a qual será conhecida mais adiante, contribuindo para formar uma
expressiva soma de resíduos destinados à chamada fiação open-end.
Através deste processo, os resíduos geram novos fios crus, que têm boa aceitação
no mercado de barbantes, malhas para sacaria, colchas, redes e toalhas devido sua
comprovada qualidade. Ocorre que durante o próprio processo de reciclagem são gerados
outros tipos de resíduos que por sua vez também são utilizados por terceiros como
enchimento de acolchoados. O chamado “piolho”, vindo da fiação convencional é
comercializado, reprocessado e reutilizado na produção do fio cru, junto com resíduos das
penteadeiras. Por último, ocorre o reaproveitamento das rebarbas de malha das máquinas de
costura no processo de confecção que depois será comentado.
Ainda na parte de fiação costuma-se aplicar no fio um lubrificante sólido, para
melhor rendimento do processo de malharia, o qual também é considerado um agressor para
o meio ambiente. Para evitar que isto ocorra a Hering desenvolveu e utiliza um novo tipo de
lubrificante, formulado com componentes naturais, como a cera de abelha e cera de
carnaúba, servindo mais uma vez de exemplo para as demais empresas.
¨ Malharia: Nesta etapa os teares transformam o fio de algodão em tecido propriamente
dito. Do ponto de vista ambiental, os principais impactos da malharia são os níveis de
ruído, calor e pó produzidos pelas máquinas os quais devem ser eliminados com o uso de
tecnologias adequadas. Também podendo ocorrer o reaproveitamento de materiais como
faz a Hering que recupera 20% do total de agulhas utilizadas nos teares.
¨ Beneficiamento: Talvez esta seja a área mais critica em termos de poluição ambiental
por parte do setor têxtil. Isto porque esta fase envolve processos de alvejamento,
tingimento, acabamento e estamparia do algodão já fiado e tecido, aqui se emprega o
maior número de substâncias químicas com utilização de processos de risco ambiental
acentuado e potencialmente poluídores, onde a principal poluição é encontrada na água e
no ar, os quais devem passar pelos processos de tratamento adequados já vistos
anteriomente.
¨ Talharia: Após a fase de beneficiamento passa-se para a talharia, a qual compreende a
tarefa de cortar os tecidos e produzir as peças que serão posteriormente costuradas e
confeccionadas. Pelo fato de hoje existir modernos equipamentos computadorizados que
modelam e cortam o tecido, o impacto ambiental nesta fase torna-se mínimo, sendo
caracterizado pela sobra da malha gerada no corte dos moldes e pelo papel que poderá
vir a servir de molde, os dois são reunidos e encaminhados para devida reciclagem.
¨ Estamparia: Nesta etapa o produto já em fase final é estampado com desenhos, marcas
e logotipos, para tal utiliza-se produtos químicos que dependendo do grau de toxidade
são nocivos ao meio ambiente e à saúde humana. Por isso faz-se importante o cuidado e
o conhecimento da origem dos mesmos, além de adequado tratamento da água utilizada
para lavagem das placas de desenhos.
¨ Confecção: Na parte de confecção e costura tem-se as peças acabadas, sendo que a
mesma não apresenta riscos ambientais. O resíduo nesta etapa são pontas de linha, restos
de tecidos e agulhas, todos esses materiais podem e devem ser reciclados, porém o óleo
utilizado para lubrificação das máquinas e equipamentos presentes neste processo
requerem maior atenção quanto a sua fórmula química para que não sejam nocivos à
saúde.
¨ Embalagem: Quanto as embalagens utilizadas para facilitar a comercialização dos
produtos deve-se dar devida atenção ao tipo de material, que geralmente são altamente
poluentes por não se decomporem quando jogados em aterros, é o caso do plástico
comum.
A utilização de plásticos fotodegradáveis para embalagens é um pioneirismo da
Hering. A fotodegradabilidade é obtida a partir da mistura de uma resina especial de nome
Necolyte, misturada à resina de polipropileno convencional utilizada na fabricação de
plásticos, deste modo quando em contato com os raios ultravioleta do sol, este material
sofre a ação de microorganismos, desmanchando-se e virando pó em seis meses ou dois
anos no máximo.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Estes são os impactos que a indústria têxtil pode provocar no meio ambiente, porém
existe algumas ações que as empresas do setor, e todas as outras dos demais setores de
atividade, podem tomar e deste modo diminuir, ou até mesmo eliminar por completo, a
degradação e poluição ambiental.
Deve-se escolher criteriosamente as máquinas e equipamentos utilizados na
produção, procurando saber o tipo e nível de consumo de energia necessários para sua
operação e a poluição que podem causar. Pode-se procurar investir em equipamentos como
filtros para remoção de materiais particulados e gasosos e tanques para tratamento da água.
Todo cuidado é pouco na hora de escolher os produtos químicos como corantes,
lubrificantes e detergentes. Estes produtos além do mal estar que podem causar devido o
forte odor que possuem, poluem consideravelmente as águas. Por tanto deve-se utilizar
produtos biodegradáveis e não tóxicos, sempre fazendo uso de tratamento da água que foi
utilizada na produção .
A reciclagem deve ser uma prática constante, plásticos, papéis, restos de tecido e
linha, lâmpadas, papelão, enfim todo material que não puder ser reaproveitado internamente
pela própria empresa, tem mercado fora, principalmente entre sucateiros e empresas de
reciclagem.
Os recursos energéticos, renováveis ou não, devem ser utilizados da maneira mais
racional possível, procurando-se utilizar lenha originada de espécies plantadas especialmente
para tal fim e também gás natural em substituição a queima de óleo combustível.
Estas são apenas algumas das ações que podem fazer a diferença na hora de disputar
uma fatia em um mercado cada vez mais aberto. Com a acirrada competição dos mercados
mundiais, as empresas que continuarem produzindo sem preocupar-se com a conseqüência
de suas ações para a qualidade de vida no planeta Terra, estarão cometendo suicídio. Pois
ao persistirem neste erro estarão fadadas ao fracasso, já que no final deste século e início do
novo milênio os consumidores tornam-se cada vez mais exigentes quanto à qualidade e
confiabilidade dos produtos que necessitam para satisfazer suas necessidades. Assim, as
empresas que são realmente competitivas tendem a sair na frente de seus concorrentes no
mercado, pois entendem que todo investimento que façam na área ambiental proporcionará
múltiplos resultados, não só em termos de qualidade de vida, mas também do ponto de vista
empresarial onde o melhor são os resultados financeiros que certamente serão bastante
lucrativos.
Poupando o meio ambiente as empresas ganham, além de credibilidade diante dos
consumidores, uma grande parcela de subprodutos que podem ser produzidos através da
reciclagem e reaproveitamento dos resíduos obtidos na produção do produto principal,
consequentemente resultando em desperdícios mínimos, maiores e melhores resultados.
Ao término destas colocações deve ficar a mensagem de que produzir para atender
às necessidades de um mercado consumidor não é suficiente caso não se tenha a consciência
do quanto é importante preservar o meio ambiente evitando a degradação dos recursos
naturais e a poluição, tanto sonora, como visual e principalmente ambiental. Pense se existe
alguma vantagem em ter suas necessidades atendidas, ou excelente resultado financeiro de
sua produção, se amanhã não existir mais condições de vida na Terra? Tudo o que se fizer
para evitar o impacto ambiental, em termos de degradação, causado pelas ações do homem
ainda é pouco, pois o ideal seria que o mesmo não existisse.



5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. BERLE, Gustav. O Empreendedor do Verde. Makron Books : Editora Mc Graw
Will Ltda. - São Paulo - 1992.
2. BROWN, Lester R. (Org.). 1991 Qualidade de Vida - Salve o Planeta. São Paulo :
Ed. Global - 1991.
3. MAIMON, Dália. Ensaios sobre Economia do Meio Ambiente. Rio de Janeiro -
APED - 1992.
4. MOSER, Antônio. O Problema Ecológico e suas Implicações Éticas - Petrópolis :
Vozes, 1984.
5. SCHMIDHEINY, Stephan. Mudando o Rumo. Ed. FGV : Rio de Janeiro : 1992.
6. SEWELL, Granville H. Administração e Controle da Qualidade Ambiental - São
Paulo : EPU : Ed. da Universidade de São Paulo : CETESB, 1978.
7. TOMMASI, Luiz R. A Degradação do Meio Ambiente - Livraria Nobel SA, 1979.
8. VÁRIOS AUTORES. Terra o Coração Ainda Bate - Guia de Conservação
Ambiental Tchê! : 1990.
9. Livro Verde da Hering Têxtil S.A. O Desafio Ambiental : 1993.
ANÁLISE DO SETOR TÊXTIL
2.1. Introdução
Como já foi colocado anteriormente, o setor selecionado para observação de um processo específico de inovação tecnológica, foi o têxtil. Antes da pesquisa se concentrar em uma ilha de inovação, ela é conduzida, através de um estudo bibliográfico, a analisar o setor têxtil.
A pesquisa nesta fase do trabalhou procurou ser o mais exaustiva possível, estudando todos os documentos emitidos pelo setor durante a década de 80.
Como orientação metodológica foi seguida a "Analise de la Filiere" (Uma versão preparada pelo prof. Bruno Kopptike - UFSC), para o estudo do setor.
No momento que se partiu para o campo, entrevistando executivos do setor, para uma complementação dos dados já reunidos e para formular as primeiras conclusões, procurou-se seguir as referências colocadas por Michel Porter, no seu modelo de forças competitivas.
Estudar com profundidade para garantir uma compreensão precisa do setor onde se pretende fazer a pesquisa é relevante. É como formar uma base sólida para então caminhar sobre ela.

2.2. Análise do Setor Têxtil
Procurando analisar o setor têxtil no Brasil, verifica-se que indústria têxtil brasileira tem uma participação histórica e decisiva no processo de desenvolvimento industrial do País, porquanto foi um dos primeiros setores industriais a ser implantado, remontando aos tempos do Império.
O setor ESTRUTURA-SE com empresas espalhadas por todos os recantos do País, gerando milhões de empregos, sejam eles diretos, na fase de produção fabril, ou indiretos, na produção de matérias-primas e vários outros insumos. Destaca-se como estimulador da criação de outras indústrias, entre as quais de máquinas têxteis, de fibras artificiais e sintéticas, de embalagens, de drogas e anilinas. Não se pode omitir a imensa massa trabalhadora, existente na produção de fibras naturais, na lavoura e na pecuária ovina.
Embora indefinido o número de trabalhadores diretamente agregados ao processo produtivo têxtil, estima-se em aproximadamente, um milhão de pessoas.
Seu desempenho no comércio exterior, onde compete com países de maior tradição, proporcionando uma geração líquida de divisas das mais significativas de todo o setor industrial, cerca de um bilhão de dólares anuais, realça ainda mais sua importância no cenário econômico nacional. Para ser ainda mais precisa, esta informação foi conferida junto ao Sindicato Patronal em julho de 1995, exportamos m 1993 - informação mais recente que se tem no setor, US$ 1.346.766.000,00, de produtos têxteis. A produção correspondente em toneladas é de 1.050.000, cuja participação do algodão enquanto matéria prima foi de 830.000 toneladas.
O Setor Têxtil é formado por cerca de 5.000 empresas, das quais apenas 11% são consideradas de grande porte e 21% de pequeno e médio porte. As microempresas, que atingem 68% do total, representam a grande maioria do setor.
No que concerne à propriedade do capital, o Setor Têxtil caracteriza-se por ser constituído por empresas de capital nacional, pois 91% delas pertence a brasileiros e apenas 9% são de estrangeiros.
O Setor da Confecção é formado por cerca de 11.000 empresas, a maioria micro e pequenas empresas do chamado setor informal.
O setor têxtil, bastante diversificado, compreende diferentes ramos de especialização: Fiação, Tecelagem, Malharia, Acabamento, Tricotagem, Artefatos de Passamanaria, Tecidos Elásticos, Fitas, Filós, Rendas, Bordados e Tecidos Especiais.
Para atender a demanda do mercado no que diz respeito a máquinas, seja para reposição ou expansão do setor, o Brasil desenvolveu uma indústria de máquinas, equipamentos e acessórios têxteis e de confecção, com mais de 60 anos de existência, operando com tecnologia própria ou procedente do exterior.
Tem-se atraído efetivamente, um grande número de fabricantes de máquinas têxteis para o Brasil. Alguns dos principais construtores de equipamentos do mundo, encontram-se atuando no mercado brasileiro. Cerca de 120 fabricantes empregam 5.000 pessoas neste setor.
No que tange aos recursos humanos, a indústria têxtil é o quinto maior empregador de mão-de-obra na indústria de transformação, sendo que este percentual sobe para 15% quando se agrega o setor de confecção.
O estudo de mão-de-obra permite identificar quatro categorias especializadas e ligadas diretamente a produção, manutenção, supervisão e a trabalhos técnicos específicos.
Na qualificação dos recursos humanos, o Brasil já possui um sistema nacional de ensino têxtil e da confecção, contando com uma bem aparelhada rede de unidades que atuam nas diferentes regiões do país, tanto na formação, como na especialização de mão-de-obra. A qualificação, quando se trata do pessoal a nível gerencial, apresenta outros dados. De toda a população empregada no setor, apenas 0,27% tem curso superior.
Quanto ao COMPORTAMENTO o setor têxtil se caracteriza por uma forte heterogeneidade estrutural, expressão das possibilidades de operação de plantas industriais com distintos níveis tecnológicos, bem como da natureza do processo produtivo.
Análises efetuadas, com base em Relatórios Contábeis do exercício de 1986, pela Revista Visão (QUEM É QUEM), revelam que, em termos de participação no lucro total da 1000 maiores empresas, uma fatia de 5% é do Setor Têxtil e Vestuário.
Pela mesma análise verifica-se que no subsetor Fiação e Tecelagem, em termos de patrimônio líquido, as maiores empresas de Santa Catarina representam juntas, 6,3% do total.
Da mesma forma, no subsetor das empresas produtoras de artigos de vestuário e acessórios, as maiores do Estado representam 13% do total nacional.
A presença maciça de pequenas e médias empresas no Setor Têxtil é outra característica deste setor. Na área têxtil, como um todo, esta participação atinge 90% do número de empresas; no segmento de fiação e tecelagem esta participação é de 83% e na malharia de 96%.
A partir deste período, anos 80, destaca-se a participação da "Facção", e de filiais de confecção, junto às regiões de farta oferta de mão-de-obra.
Convém ressaltar que algumas fases do processo têxtil, apenas grande e médias empresas detém, entre elas está o enobrecimento de tecidos e malhas, que exige elevados investimentos e grande conhecimento técnico.
Os mecanismos de concorrência mais adotados pela empresas relaciona-se predominantemente com as estratégias de comercialização (exportação, regionalização, especialização) e com a integração vertical das atividades, e menos com a adoção agressiva de inovações técnicas.
Os gastos com pesquisa e desenvolvimento realizados pelas empresas do setor têxtil, são reduzidos quando comparados com os realizados por indústrias de outros setores. Isto significa que as inovações tecnológicas na área têxtil são de natureza incremental (não alteram fundamentalmente o processo de fabricação), e são geradas predominantemente em outros setores industriais.
A microeletrônica possui, atualmente, um amplo espectro de aplicação em todos os setores industriais, nos mais diversos níveis, e na área têxtil propicia um aumento no controle sobre o processo de produção, devido a sua maior capacidade de gerar, armazenar e analisar informações.
Pode estar sendo inaugurado, definitivamente, um novo estágio de mecanização na área têxtil, onde o próprio equipamento detecta o erro, procede a correção, registra o fenômeno e dá continuidade ao processo. Estudos realizados pelo SENAI, no segundo semestre de 86, com base na inferência estatística, através de um grupo de empresas do setor têxtil nacional e tomando como parâmetros inovações tecnológicas, constatou que as empresas mais modernizadas encontram-se no Ceará. Isto decorre da modernização de suas fiações.
Verifica-se também uma distribuição mais uniforme em Santa Catarina, onde empresas estão se inovando.
Entre os motivos que conduziram a implantação das inovações pesquisadas, os mais apontados foram: aumento da produtividade, melhoria da qualidade dos produtos e redução de custos de produção, sendo que o segundo destaca-se como relevante na implantação de dispositivos microeletrônicos.
As empresas apontaram também os motivos restritivos da difusão de tecnologia no setor: alto custo, dificuldades de importação de equipamentos e peças de reposição e oferta limitada de equipamentos no mercado interno.
Não foi observada a existência exclusiva de inovação em nenhuma empresa, ou seja, as novas tecnologias convivem no mesmo espaço de produção com a tecnologia convencional.
Se observado quanto ao seu DESEMPENHO, o setor têxtil representa o segundo item na pauta do comércio internacional, tendo atingido cifras de US$ 120 bilhões, excetuando-se o comércio entre países do leste europeu.
O Brasil participa neste mercado com uma fatia de aproximadamente 1%, algo em torno de US$ 1,3 bilhões. As quinhentas maiores empresas do setor exportam 20 a 25% de sua produção, sendo que o restante é vendido no mercado interno, cujo maior consumidor é a região sudeste.
Ao focalizar exclusivamente o setor têxtil vestuário, observa-se uma elevada taxa de crescimento das pequenas e microempresas, especialmente nos últimos cinco anos, concentrando-se na confecção.
Embora os dados sejam escassos, estima-se que 80% do total destas empresas seja de pequeno porte, sendo que 40 a 50% trabalham informalmente, configurando a chamada economia informal.
A proliferação das pequenas empresas, no setor da confecção, tem como motivo principal o menor investimento necessário, bem como a tecnologia de amplo domínio, se comparado com o sub-setor de fiação e tecelagem.
Na composição média dos custos de uma peça de vestuário, do setor em estudo, pode-se citar como itens principais: Algodão (30 a 32%), produtos químicos e corantes (6 a 7%) e mão de obra direta, com seus encargos (30%).
Observam-se como TENDÊNCIAS no setor, ou pelo menos apontadas como grandes necessidades do setor: a renovação do parque fabril, pois a obsolescência das máquinas e equipamentos da Indústria Têxtil Nacional vem sendo apontada desde estudos realizados na década de 50.
A atitude mais comum tem sido, entretanto, a substituição dos equipamentos mais antigos, que já não produziam retorno econômico, por outros, que na maioria das vezes não representavam o "estado da arte" tecnológico.
Aumentar as exportações é outra tendência no setor o que tem estreito relacionamento com seus níveis de qualidade e custos de produção. Estes dependem enormemente, no Setor Têxtil, das máquinas e equipamentos utilizados.
O estudo dos documentos (Vide referências bibliográficas 12, 14, 16 a 19) de onde foram extraídas as informações sobre: estrutura, comportamento, desempenho e tendências observadas no setor têxtil, traz a tona inúmeros questionamentos, destacando-se:
- "Como uma indústria com características tão variadas pode garantir qualidade e produtividade, mantendo-se competitiva se não através de um parque fabril atualizado tecnologicamente e por uma operação suportada por um adequado gerenciamento?".
Os dirigentes do setor se posicionaram claramente, redigindo em 1984, em conjunto com SENAI e CETIQT, um documento que representava, na época de sua elaboração, "um esforço em prol do desenvolvimento de uma política industrial, voltada para a expansão e atualização dos setores têxteis e da confecção, em termos de equipamentos, matéria prima e recursos humanos".
Cada um dos sub-setores procurou quantificar necessidade de máquinas, recursos financeiros e mão de obra, prevendo ainda o consumo de matéria prima até o ano 2000, não deixando de destacar a necessidade de capacitação gerencial.
A edição de 1985 do Congresso Nacional de Automação Industrial, teve como tema "Automação e Sociedade". Neste evento houve uma seção voltada à indústria têxtil, apresentando um estudo conjunto da "São Paulo Alpargatas" e "Santista", denominado: "Automação na Indústria Têxtil". O trabalho contém propostas alternativas de automação, bem como enfatiza a necessidade de gerenciamento adequado das inovações.
Em 1987 o SENAI elaborou um documento, abordando as características do "processo de fabricação, evolução e difusão das inovações técnicas, configurações do emprego e estrutura ocupacional na indústria têxtil". Contém dados indicativos da difusão tecnológica e da qualificação profissional em contexto de mudança técnica e avalia o SENAI quanto ao atendimento ao setor têxtil.
Em 1988, no CONTEC, realizado em Blumenau, apresentou-se um trabalho intitulado: " A Indústria de Confecção Nacional - Situação Atual e Caminhos para o Futuro", onde propunha-se como "solução lógica e urgente", para crises do setor, "uma política industrial de investimentos em avanços tecnológicos e na geração de empregos, que pudesse atender a demanda latente do mercado nacional".
Mais uma vez os avanços tecnológicos são citados, denunciando o emergente esforço empresarial, na implementação das novas tecnologias.
O Instituto de Economia Industrial da Universidade Federal do Rio de Janeiro, participa do processo de inovação, com diagnósticos, elaborando um questionário, sob encomenda do SENAI, denominado: "Percepção de futuro de especialistas sobre a difusão de inovações e transformações no perfil de qualificação da mão de obra". Trata-se de um novo esforço em prol da adequação do processo de inovação tecnológica, no país.
Se analisados documentos como "Manufatura de classe mundial no Brasil" percebe-se que "qualidade e tecnologia" são colocadas como "questões e Preocupações administrativas".
A análise do setor, efetuada segundo a metodologia de "Analise de la Filiere", exigiu extensa revisão bibliográfica, estudando documentos emitidos pela indústria têxtil brasileira.
A revisão bibliográfica, no seu início voltou-se a "radiografar" o setor, procurando identificar, nos documentos recentes o posicionamento de seus atores frente a inovação tecnológica.
Sentiu-se necessidade nesta fase de obter elementos mais dinâmicos, para alimentar, com mais movimento, uma versão inicial de um modelo.

2.3. Dinâmica Concorrencial do Setor Têxtil
A pesquisa bibliográfica foi seguida por "protocolos verbais", onde executivos do setor foram entrevistados e forneceram novos elementos, agora sobre a dinâmica concorrencial do setor.
A identificação das forças competitivas revela que indústria têxtil opera entre duas frentes com elevado poder de barganha: de um lado um mercado altamente disputado, abastecido por produtos com ciclo de vida muito pequenos , alguns de dois meses apenas; e do outro um conjunto de fornecedores que exerce pressão não menos elevada.
É de fundamental importância para o setor, o abastecimento de matérias primas e de insumos para a produção. Nesta abordagem o estudo do suprimento é feito por blocos, permitindo a análise individual do poder de barganha de cada grupo de fornecedores.
ALGODÃO - É a principal matéria prima das indústrias brasileiras, com um consumo anual de 555.000 toneladas. Representa cerca de 30% do custo total do produto acabado.
Comprimento e resistência da fibra, cor e grau de pureza, são atributos que determinam a qualidade da matéria prima, classificando os fornecedores.
Para apoiar o produtor de algodão existem, no Brasil, institutos como o IAC - Instituto Agrícola de Campinas e EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agrícola.
Outra fonte de matéria prima é o mercado externo. Seu acesso é restrito e as compras sujeitas à taxações. O exportador é beneficiado pelo sistema "Draw Back". O IPT de São Paulo fornece relatórios a cerca do consumo de matéria prima, nos produtos exportados, determinando o volume a ser importado. As importações tem que se submeter às políticas aduaneiras.
Na contínua busca do adequado abastecimento algumas empresas estendem suas atividades até o plantio do algodão.
Com a atualização tecnológica dos processos, aumentando a velocidade imprimida nos equipamentos de fiação, tecelagem e malharia, aumentam as exigências em termos de qualidade da matéria prima.
Existe um equilíbrio entre oferta e demanda de algodão, tanto no Brasil, como no mercado externo. Internamente, o governo interfere, através de políticas agrícolas, nos preços praticados.
Outra interferência é das cooperativas, que tem maior poder de barganha, segurando o produto e "forçando" os preços.
Pelo exposto conclui-se que as empresa compradoras sofrem inúmeras pressões, ao buscar a matéria prima, não empregando políticas de estoque mínimo, pois o risco associado é elevado.
Gerentes de departamentos de compra tem apontado como alternativas: monitoramento da safra por parte do comprador e o apoio por tecnologia de informação, tais como disponibilidades de terminais de computador que os coloque em contato com as bolsas de Nova York e Chicago. A informação representa "diferencial competitivo", desde o abastecimento do processo produtivo, com matéria prima.
CORANTES E PRODUTOS QUÍMICOS - São insumos muito importantes para a indústria têxtil, os corantes e produtos químicos. Um exemplo: peróxido de hidrogênio, usado em alvejamento das fibras de algodão.
O processo de fabricação destes insumos exige grandes investimentos e o domínio de processos de química fina, o que reduz os fornecedores a pouca e grandes empresas transnacionais, acentuadamente as alemães.
Com relação aos produtos químicos o quadro é um pouco melhor, pois existem opções de fornecimento no mercado nacional.
EMBALAGENS - A indústria têxtil está sujeita aos papeleiros, que constituem um grupo fechado. Para minimizar o poder de barganha deste grupo de fornecedores, o setor tem buscado estabelecer novas relações "fornecedor-cliente", com o emprego de recursos disponíveis em ambientes que operam segundo as regras do "JIT".
EQUIPAMENTOS - Com relação a compra de equipamentos, observa-se a desatualização do parque fabril têxtil nacional. Poucos investimentos tem sido feito de 80 para cá. Isto tem reflexo direto na oferta de equipamentos pelo mercado nacional.
Ao recorrer ao mercado externo para a aquisição de equipamentos, o comprador brasileiro deve passar pelo crivo da SEI(Secretaria Especial de Informática do Ministério de Ciência e Tecnologia), INPI (instituto Nacional de Propriedade Industrial), SINDIMAQ (Sindicato de Fabricantes de Máquinas), ABINEE (Associação dos Fabricantes de materiais Elétricos e Eletrônicos), ABIMAQ (Associação de fabricantes de Máquinas), além dos órgãos governamentais reguladores e agenciadores de importação o BEFIEX e a carteira de câmbio do Banco do Brasil.

CONSUMIDOR
A situação econômica do País acarreta dificuldades para comercialização dos produtos do setor têxtil, da mesma forma que afeta outros setores. Surgem picos de demanda, intercalados de períodos de recessão, difíceis de administrar, quando o produto é sazonal. Existe o risco da formação de estoques de produtos acabados, na empresa, o que a coloca facilmente a mercê dos clientes.
O consumidor brasileiro, na sua grande maioria tem baixo poder aquisitivo, o que acaba privilegiando o setor informal.
Em se tratando de um produto destinado ao vestuário, a ser comercializado em um pais com dimensões continentais, os aspectos regionais, tais como clima e bio-tipo dos consumidores tem que ser levados em conta, na determinação das estratégias de marketing.
A falta de padronização, tal como uma norma da ABNT que forneça dimensões padrões para vestuário, geram dificuldades não só de produção, mas também de satisfação do consumidor.
O maior volume de comercialização dos produtos têxteis se dá no eixo Rio-São Paulo, parte de Minas Gerais e parte do Rio Grande do Sul.
Não só o mercado interno consome os produtos do setor têxtil nacional; muitos produtos são exportados. A exportação de têxteis brasileiros representam apenas 1% do movimento total mundial de têxteis. Mesmo assim movimenta um bilhão de dólares.
No mercado internacional o setor enfrenta forte concorrência de países como Paquistão, China e até dos "tigres asiáticos".
Para atender os clientes do mercado externo, o setor terá que se readaptar, para enfrentar novas situações concorrenciais geradas pela mudança do Mercado Comum Europeu, e a normalização ISO 9.000, imposta por este mercado.
E sem dúvida a palavra de ordem na relação com o cliente é "quick response".
Observando-se as interfaces fornecedor/cliente e empresa/cliente, pode-se identificar inúmeras maneiras de introduzir novas tecnologias, para melhorar sensivelmente a qualidade destas interfaces.

2.4. Setores Entrantes e Concorrência Interna
Devido à dinâmica de funcionamento do setor têxtil é quase impossível separar a observação dos setores entrantes da própria concorrência interna.
Mais de 50% da produção têxtil no Brasil, pode ser caracterizada como "informal". Este fenômeno se repete no resto do mundo, ocorrendo até mesmo na Europa, em países com a Espanha e Itália.
A produção denominada "informal" não ocorre em todas as fases do processo produtivo. Em etapas como fiação, tecelagem, malharia e acabamento, a concorrência se dá mais entre médias e grandes empresas. A partir do corte e, principalmente na confecção, coexistem grandes organizações, médias e pequenas empresas, com um sem número de micro empresas, na sua grande maioria na informalidade.
As pequenas e microempresas acabam "servindo-se" do esforço de desenvolvimento de produto/processo, efetuado pelas médias e grandes.
O esforço de desenvolvimento de novos produtos, reunidos nas mais diferentes etiquetas e em coleções, exige todo um trabalho de pesquisa, que requer viagens ao exterior. Na etapa de desenvolvimento de produto é empregada mão de obra "nobre", como gerente de produto e estilistas e requer o trabalho de especialistas em modelagem. Somente grandes e médias empresas podem manter departamentos de produto e de engenharia de produto. As demais "copiam" os que aquelas criaram.
Devido às dinâmicas flutuações da moda a que o produto de vestuário é submetido, sem contar com a sua sazonalidade, as empresas mais ágeis, normalmente as informais, levam vantagens competitivas.
Outro fator favorável à manutenção deste setor paralelo é o baixo poder aquisitivo da maioria dos brasileiros.
O mercado destas empresas "paralelas" era, tradicionalmente, o regional. Isto tem se alterado com a presença do "atravessador", figura que encontrou espaço para agir também no setor têxtil. Este elemento comercializa malha e tecido, principalmente saldos e produtos de qualidade inferior, abastecendo as confecções e colocando seus produtos acabados.
As grandes empresas funcionam como verdadeiros centros de treinamento, fornecendo mão de obra para este segmento paralelo.
A vulnerabilidade das grandes empresas reside exatamente no seu porte, que via de regra é sinônimo de pouca flexibilidade, perdendo em agilidade para pequenas e micros. Só o maciço investimento em tecnologia pode fazer com que as empresas "acertem o passo".
Competir com grandes, médias e pequenas empresa requer monitoração contínua da "concorrência", o que pode ser realizado num processo formal de "Administração da Concorrência".
Cada vez mais o tema converge para a "Qualidade de Gestão". A gestão de um negócio, ou parte dele, para ser atualizada, requer antes de mais nada, postura proativa, buscando identificar adequadamente as tendências que se configuram no meio ambiente, para com elas alinhar metas e objetivos.

2.5. Conclusões
Esta pesquisa bibliográfica, permitiu identificar junto a empresas do setor, a preocupação em capacitar seu quadro de gerentes em programas que tratem de questões tais como: "O gerente e o processo de mudanças". Mas cabe aqui destacar que esta preocupação é bastante limitada. O grande enfoque é a importação de novas tecnologias, e este vem muito antes do cuidado com aspectos gerenciais na acomodação destas tecnologias.
A etapa subsequente foi observar como transcorre um processo de assimilação de novas tecnologias, através de um estudo de caso onde as variáveis e os atores do processo puderam ser observados de perto.


Referência bibliográfica

  http://www.eps.ufsc.br/teses/deodete/cap2/cap2.htm

quarta-feira, 9 de maio de 2012

O Museu oferece aos seus visitantes uma autêntica viagem no tempo, numa jornada que começa com o aparecimento das primeiras máquinas têxteis em Portugal em meados do século XIX, se prolonga até à realidade dos dias de hoje e àquilo que se prevê para o futuro da indústria têxtil.

fonte: http://www.youtube.com/watch?v=CxS_7Nb1fu0

Curiosidades Nanotecnologia


Roupas funcionais

Em um futuro próximo, quando você for escolher uma camiseta ou outra peça de roupa, ou mesmo roupas de cama,  poderá não ser a grife, a cor, ou nem mesmo a estampa, o que lhe fará decidir entre um modelo e outro.
Você poderá estar interessado, por exemplo, em uma camiseta de algodão que possa monitorar seus batimentos  cardíacos, sua frequência respiratória e sua pressão arterial. Ou talvez analisar as toxinas liberadas pelo seu suor.
as haverá opções. Como roupas que coletam a luz solar ou geram energia a partir do movimento do seu corpo para  recarregar seu celular ou seu iPod. Que tal então uma fronha que monitore suas ondas cerebrais? Ou um lençol que o  aqueça ou refrigere de acordo com a temperatura ambiente?

Algodão condutor

Estas possibilidades ainda estão no futuro, mas um futuro cada vez mais próximo, graças aotrabalho da equipe do  professor Juan Hinestroza, da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos.
Hinestroza e seus colegas já haviam recoberto fibras sintéticas com nanopartículas, criando tecidos funcionais que  podem ser utilizados para fabricar uma roupa antibacteriana que protege contra gripes, resfriados e até poluição.
Agora eles adotaram um enfoque mais naturalista, e decidiram trabalhar com fios de algodão.
O resultado são fibras naturais de algodão capazes de conduzir eletricidade tão bem quanto fios de metal da mesma  espessura, sem perder a flexibilidade e a leveza que dão o conforto das roupas de algodão.

Roupa que gera energia

Segundo os pesquisadores, a tecnologia funciona tão bem que simples nós são capazes de completar um circuito  elétrico funcional. Para demonstrar isto, eles produziram uma roupa de algodão feita com as fibras funcionalizadas que captura energia solar e a fornece a um dispositivo qualquer, como um recarregador de celular, por exemplo.
A roupa que gera energia será apresentada ao público pela primeira vez no próximo final de semana (13/03), durante  o Cornell Design League Fashion Show, um evento promovido pela própria universidade.

Fios de algodão com nanopartículas

A tecnologia para transformar as fibras de algodão em fios elétricos consiste no seu revestimento com nanopartículas  condutoras de eletricidade.
“Nós agora podemos ter seções de um tecido de algodão fabricado por técnicas convencionais que sejam condutoras,  abrindo um leque impensável de aplicações,” diz Hinestroza, que chegou aos resultados por meio de uma colaboração  com colegas das universidades de Bologna e Cagliari, na Itália.
Segundo o pesquisador, o tecido feito com as novas fibras de algodão, além de conduzir eletricidade, mantém sua  flexibilidade, sua leveza e é igualmente confortável.
“Tecnologias anteriores já obtiveram a condutividade [em tecidos] mas as fibras resultantes tornam-se rígidas e  pesadas. Nossa nova técnica deixa nossos fios totalmente adequados para o processamento normal dos tecidos, com a  tecelagem, a costura ou até o bordado,” diz o pesquisador.

Roupas inteligentes

Para demonstrar que a tecnologia já superou a fase da teoria, Abbey Liebman, pesquisadora do laboratório de  Hinestroza, projetou uma camiseta que utiliza células solares flexíveis que geram eletricidade, disponibilizando-a em  um recarregador USB fixado na cintura da roupa.
A energia gerada é suficiente para alimentar um telefone celular ou um tocador de MP3. E não há fios metálicos  conectando as células solares e nem ligando-as ao recarregador USB – somente fios de algodão desenvolvidos com a  nova técnica.
“Em vez de fios convencionais, nós estamos usando nosso algodão condutor para transmitir a eletricidade, de forma  que nossos fios condutores se tornam parte da roupa,” conclui Hinestroza.
utras tecnologias rumo às “roupas inteligentes” incluem nanofibras que geram energia do movimento, biossensores  para monitorar o estado de saúde e monitores de saúde ultrafinos e flexíveis.
O algodão parece mesmo estar em alta junto à alta tecnologia. Há poucos dias, pesquisadores construíram um biochip  com linha de costura, feito com agulha de costura e fios de algodão, capaz de realizar exames de laboratório.
fonte:http://textilsc.blogspot.com.br/2011/04/curiosidades-nanotecnologia.html

Recliclagem de tecido

Reciclagem de tecido
reciclagem de tecidoSeguindo a tradição do Setor Reciclagem de tirar resíduos da lista de itens não recicláveis, chegou a vez do tecido. A reciclagem de resíduos têxteis existe, apesar de ser pequena no Brasil. O grande uso de restos de tecido ocorre no artesanato


O processo de fabricação dos tecidos consome grandes quantidades de água e energia.
A indústria têxtil pode contaminar os efluentes líquidos, pois os tecidos passam por inúmeros processos de tingimento e tratamento com substâncias antifúngicas, por exemplo.
reciclagem_de_tecidoAssim, a reciclagem dos resíduos têxteis é importante para a redução da poluição, uma vez que estes resíduos são frequentemente queimados a céu aberto ou depositados em lixões.

A impossibilidade de reciclagem industrial pós-consumo é conseqüência do estado em que os tecidos se encontram após serem descartados (sujos, rasgados e parcialmente degradados) e também pelo pouco volume concentrado, o que inviabiliza comercialmente a reciclagem.

A reciclagem industrial de tecido pós-indústria é insipiente no Brasil.
reciclagem_de_tecidoÉ possível que fábricas utilizem aparas têxteis de outras empresas, que seriam incorporadas ao processo produtivo, evitando que se tornem resíduos, mas esta não é uma prática comum no país.

A reciclagem industrial transforma o tecido em matéria-prima para indústrias de tecido não-tecido, colchões, papel moeda, produtos medicinais, automobilísticos, mobiliário e metalurgia.

O processo de reciclagem de resíduos têxteis é complexo. Para que volte a ser fio novamente, esse material deve ser separado por matéria-prima e comprimento de fibra e depende de uma separação eficiente.

reciclagem_de_tecidoUma sugestão para o aproveitamento desses residuos sem muita complexidade, seria na produção de estopas, no qual não é necessário a eliminação dos tingimentos, mas só a fragmentação dos retalhos.

Logo, deve-se procurar reutilizar ao máximo todos os panos e restos de tecidos antes de serem descartados. Roupas velhas devem ser doadas ou consertadas. Quando não puder mais ser utilizada como vestimenta, ainda encontra uso como pano de chão e de limpeza bruta.

A reciclagem atesanal ou reutilização das sobras de tecido para artesanato é economicamente viável e tem forte efeito de concientização.
reciclagem_de_tecidoArtesãos confeccionam bonecas de pano, ecobags, colchas, tapetes, roupas, porta documentos, capas de caderno, marcadores de livros e uma infinidade de objetos, se valendo de talento e criatividade.



fonte:http://www.setorreciclagem.com.br/modules.php?name=News&file=article&sid=794

terça-feira, 1 de maio de 2012

INVESTIMENTOS NO SEGMENTO TÊXTIL

PARA ABRIR NOVOS MERCADOS, SEGMENTO TÊXTIL INVESTE EM PROGRAMAS DE SUSTENTABILIDADE.
De olho no mercado mundial, segmento têxtil se adequa às questões sócio-ambientais.Da semente ao produto acabado,  o objetivo é  agregar valor ao algodão, através da demonstração de uma produção sustentável e  mobilizar toda a cadeia produtiva.
Apresentado durante a Feira Internacional da Indústria Têxtil, em Blumenau/SC, no último dia 11, o programa Pure Brazil Cotton é encabeçado por um consórcio sem fins lucrativos. O conselho responsável pelo projeto conta com a presença de grandes empresas do setor, como Coteminas, Springs Global US, Santista Têxtil e Marisol, já certificada nos Sistemas de Gestão da Qualidade e Meio-Ambiente pela SGS.
Com o objetivo de fabricar um algodão com qualidade premium, que atenda a certos padrões sociais e ambientais e garantir que as empresas implementem as melhores práticas e procedimentos para assegurar a excelência do produto acabado,  o selo Pure Brazil Cotton conta com a participação da SGS na realização  das auditorias.
Para receber o selo, que é concedido pelo Pure Brasil Cotton Council, os aspirantes deverão demonstrar a conformidade com padrões de sustentabilidade que contemplam gerenciamento de resíduos, cultura e solo, preservação da biodiversidade e gerenciamento sócio-econômico e ético. Neste início de programa, o algodão vem de dois grandes produtores do oeste baiano.
O selo já tem mostrado uma receptividade muito boa nos mercados americanos, segundo Josué Gomes da Silva, presidente da Coteminas e membro do conselho. Em fase de testes, nos últimos três meses, tem rendido bons contratos com  grandes varejistas americanos com a JC Penney e Bed, Beth and Beyond. A expectativa é de que as vendas para o primeiro ano do projeto batam a casa do US$ 70 milhões.
Consumidor inglês – na hora de comprar vestuário,  requisitos de sustentabilidade são decisivos. Pesquisa de mercado realizada pela firma de consultoria   Delloite, no fim de 2006,  demonstra que o consumidor britânico  coloca como um dos requisitos decisivos para a compra de um produto têxtil a capacidade da empresa demonstrar seu compromisso com questões éticas e ecológicas. Muitos varejistas como a Sainsbury e cadeias de lojas como  Topshop, Oásis e Mark & Spencer já oferecem produtos “verdes”. É um claro sinal de que muito em breve esse comportamento também se acentue aqui no Brasil.


 Fonte: SGS Comsumer Compact, Março 2007

sexta-feira, 27 de abril de 2012

HISTÓRIA DA INDÚSTRIA TÊXTIL NO BRASIL

sexta-feira, 20 de abril de 2012



Talvez poucos saibam que o processo de industrialização no Brasil teve seu início com a indústria têxtil. Suas raízes precedem a chegada e a ocupação do País pelos portugueses porquanto os índios que aqui habitavam já exerciam atividades artesanais, utilizando-se de técnicas primitivas de entrelaçamento manual de fibras vegetais e produzindo telas grosseiras para várias finalidades, inclusive para proteção corporal.Todavia, partindo-se do princípio de que tudo teria começado com a efetiva ocupação do território brasileiro, ocorrida em 1500, podem ser identificadas quatro etapas importantes para a definição da evolução histórica da indústria têxtil no país: a fase colonial, a fase de implantação, a fase da consolidação e a fase atual que passaremos a analisar na seqüência.
Fase Colonial
No período colonial, que se estende de 1530 até 1822, a característica fundamental é a incipiência da indústria têxtil, além de sua descontinuidade. As diretrizes da política econômica para as colônias eram ditadas pela Metrópole. Assim, era comum a adoção de políticas de estímulo ou restrição, segundo seus interesses ou necessidade de cumprimento de acordos comerciais com outros países.

Instrumentos restritivos:
Em 1785, por Alvará de d. Maria I, mandou-se fechar todas as fábricas de tecidos de algodão, lã e outras fibras, com exceção daquelas que fabricavam tecidos grosseiros destinados à vestimenta de escravos e para enfardamento ou embalagens. A determinação da extinção das fiações e tecelagens existentes no Brasil tinha como objetivo evitar que um número maior de trabalhadores agrícolas e extrativistas minerais fosse desviado para a indústria manufatureira.Essa restrição foi posteriormente reforçada em instruções de outros membros do governo da Metrópole, tais como a do ministro dos Negócios Ultramarinos, que determinava ser absolutamente necessário ‘abolir do Brasil ditas fabricas’, advertindo ao vice-rei Luiz de Vasconcelos e Souza, no sentido de ter “grande cuidado em que debaixo do pretexto dos sobreditos panos grosseiros se não manufaturarem por modo algum os que ficam proibidos”.

Em síntese, o famoso Alvará é extremamente representativo do poder coercitivo que exercia a autoridade central colonizadora sobre qualquer esforço de desenvolver-se uma atividade manufatureira, quer por parte dos nativos, quer pelos próprios colonos portugueses.

Com a chegada de Dom João VI ao Brasil, o Alvará de d. Maria I foi revogado, mas o surto industrialista que poderia ter-se verificado não ocorreu. Ao contrário, foi aniquilado em razão de medidas econômicas de interesse da Metrópole que assinara em 1810 um tratado de aliança e comércio com a Inglaterra, instituindo privilégios para os produtos ingleses, reduzindo-se os direitos alfandegários para 15%, taxa essa inferior até mesmo à aplicada para os produtos portugueses que entrassem no Brasil. Com isso, nossa incipiente indústria têxtil não tinha como competir com os tecidos ingleses, perdurando essa situação até 1844, quando novo sistema tarifário veio comandar o processo evolutivo da industrialização brasileira.
Fase de Implantação
Instrumentos de Estímulo:

Em 1844, esboçou-se a primeira política industrial brasileira, quando foram elevadas as tarifas alfandegárias para a média de 30%, fato que provocou protestos de várias nações européias. A medida propiciou realmente um estímulo à industrialização, especialmente para o ramo têxtil, que foi o pioneiro desse processo.Contudo, o processo da industrialização não se deu de imediato; ele foi lento, podendo ser considerado o período de 1844 até 1913 como fase de implantação da indústria no Brasil.

Em 1864, o Brasil já tinha uma razoável cultura algodoeira, matéria-prima básica da indústria têxtil, mão-de-obra abundante e um mercado consumidor em crescimento. Outros fatores não-econômicos também influenciaram a evolução da indústria têxtil, dentre os quais citam-se: a guerra civil americana, a guerra do Paraguai e a abolição do tráfico de escravos, fato este que resultou na maior disponibilidade de capitais, antes empregados nessa atividade.Assim, em 1864 estariam funcionando no Brasil 20 fábricas, com cerca de 15.000 fusos e 385 teares. Menos de 20 anos depois, ou seja, em 1881, aquele total cresceria para 44 fábricas e 60.000 fusos, gerando cerca de 5.000 empregos. Nas décadas seguintes, houve uma aceleração do processo de industrialização e, às vésperas da I Guerra Mundial, contávamos com 200 fábricas, que empregavam 78.000 pessoas.Matéria retirada do site Textilia

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Agreste pernambucano é o segundo maior produtor têxtil do Brasil


Polo de Confecções abarca 13 cidades do interior do Estado que, somadas, produzem 800 milhões de peças por ano e movimentam R$ 3,5bilhões

Reprodução/TV Globo


O setor têxtil de Pernambuco é bastante forte. Embora presente em todo o território, é no Agreste, mais precisamente nos municípios de Caruaru, Santa Cruz do Capibaribe, Surubim e Toritama, que se concentram pouco mais de 18 mil empresas do setor, capazes de produzir até 800 milhões de peças por ano.

Segundo Fredi Maia, diretor administrativo do Sindicato da Indústria do Vestuário de Pernambuco (Sindvest), a denominação ‘Polo de Confecções’ surgiu em 2002, quando foi elaborado um projeto apresentado ao Sebrae denominado Projeto de Desenvolvimento do polo de Confecções do Agreste.

“O objetivo era conhecer a realidade e desenvolver empresas nos município de Caruaru, Toritama e Santa Cruz do Capibaribe”, revela o diretor. Hoje, outros nove municípios fazem parte do polo. São eles: Taquaritinga do Norte, Brejo da Madre de Deus, Gravatá, Cupira, Agrestina, Belo Jardim, Pesqueira, Vertente e Riacho das Almas.

O polo fatura R$ 3,5 bilhões anuais e conta com 120 mil empregados diretos, firmando-se como segundo maior produtor de vestuário do Brasil, atrás apenas de São Paulo.

Está em andamento um planejamento estratégico para fazer do Estado o melhor ambiente de negócios para a moda. Para isso, um esforço por parte de entidades como a Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (AD/Diper), Sebrae e Sindivest é realizado no intuito de fomentar, entre outras coisas, a pesquisa tecnológica e proporcionar alternativas para desenvolvimento sustentável, peças-chave no caminho do progresso.

Fredi Maia explica, ainda, que o polo funciona como uma cadeia produtiva, em que empresas de diversos ramos, como botões, linhas e lavanderias, atuam de forma dinâmica.

A obtenção de tecido, entretanto, ainda é deficitária. O material adquirido no Estado não chega a 30% do total, que acaba sendo importado de São Paulo, Minas Gerais, Ceará e outros Estados.

Pernambuco tem certa tradição no segmento, mas a produção, segundo Maia, só começou a ter participação significativa na economia a partir da década de 1980, quando um financiamento do Banco do Brasil proporcionou a chegada de máquinas de costura em larga escala no município de Santa Cruz do Capibaribe.

“Com melhorias na infra-estrutura, nas políticas fiscais e na qualificação de mão-de-obra, teremos plenas condições de ser o maior produtor do setor no Brasil, tanto em qualidade como em quantidade. Existem aqui duas coisas fundamentais: coragem de empreender e um centro emissor de tendências: Pernambuco tem uma cultura própria, capaz de emitir ideias para todas as regiões”, pontua o diretor do Sindivest.

GOVERNO

Desde 2003, quando o Sindicato conseguiu apresentar para o Governo do Estado a dimensão do setor, uma política de desenvolvimento foi direcionada para o polo. Foram criados o Centro Tecnológico da Moda (CTM), uma lei de redução de ICMS foi promovida, e diversas ações em prol do meio ambiente foram tomadas, sem falar no trabalho de divulgação das empresas para as outras regiões do País.